17/07/2012

Àguia

Desembarquei  de mim como do luar da sonata do sertão
Todos os lugares que passei  soavam uma diferente canção
Quando ouvi meu coração voei para dentro da águia que em sonho
me levou para um mar prateado
Eu olhando pelos olhos dela via o outro lado
Flutuantes passos, sons infinitamente sibilantes
Mistério sondando a latejante curiosidade
O coração quase saindo pela boca e a sensação
trêmula de ter vivido um segundo de extrema verdade
Feita de sonho e solidão

Acordei e nunca mais tive a coragem de sair por aí

Ouvindo a melodia sem sol  do disco negro a girar sem dó
Teci em meus ouvidos a harmonia de dias contidos em um arrebol
Com teu riso afinado em mi bemol

  Luas depois, o silêncio se fez, instalado, impregnado
Sem lago ,sem peixe ,sem anzol  sem tato para a vida ao meu redor

Meu bem, nossos filhos a lux sei
vamos viver na paz de agnus dei
E amar até que seja lei

Ponto

Já disse, não vou sair
Não quero ir a lugar algum
Já disse, não quero visitas
Não quero ver ninguém

Nem ao trabalho vou me dar o trabalho de ir
Quero hibernar, invernar... com as crianças brincar
Nada mais inventar
Inverno molhado, úmido, ilhado

Chocolatear, pipoquear e filmear, mais nada que me faça pensar
Tenho que observar, deixar a nuvem passar
Um cigarro fumar, um vinho tomar

Ou devo ... acordar, levantar, sair e sei lá
A vida tecer em finos fios e neles labutar
Já são dias passados sem sequer a rotina vigiar

Drumonzinho salve-me de minhas linhas geraizinhas ...
Eu me escondendo de minha dorzinha
Com receio das unhas arranharem as virgulazinhas
Nem sei onde encontrar a exclamação, o parênteses... a penas o final do ponto  para me guiar