07/09/2010

EM SI

Um ano,quinze anos,sessenta e cinco anos,treze anos, trinta e quatro anos,nove anos,quarenta e um anos...e tudo mais...tudo que permeia o instante,cinquenta e sete anos e cinquenta e nove,assim no limite da liberdade,território estranho,olhares,silêncio...um certo desconforto de quem já preencheu um espaço-tempo e experimenta uma nova jornada .Novo trabalho,novos amigos, novo endereço e não se acha, não consegue voltar para casa,pois ainda não há.O desejo de superar e transcender todo o sentimento e a forma de viver,em paz,otimista demais.Emprestando alegria e concordando,calada e erma,sem luar nem mar nem rosas.Mas uma garoa chorosa com ar de polvora vem se instalando num olhar de mera prosa de dengo e bossa.Encimesmada,endividada e isolada em sua torre d"alma.Quando se vive com os seus a vida passa amena, enquanto só e se fazendo, a vida posa, ao menos.Assim na solitude de ser lapidada.

28/05/2010

Gente

Como tudo é avesso,estranho é ser gente.Pensar que existe,chorar quando triste.A cabeça quente,olhar travesso e o estômago, este pelo avesso.Queria eu saber o segredo de ficar feliz, de não desagradar as pessoas,de não magoar e nem mesmo se lamentar.Queria eu como gente,ser sempre gentil e suave.Ah! a suavidade,quem dera...minha cabeça zonza.Tenho sentido a sensação de estar grudada em uma teia de aranha com as patas da viúva negra que me arranham e zombam do meu estado de presa em novelo...ou enrolada em uma novela ou seria em uma novena?gente tem mente e vez em quando mente.E na minha mente parece que não hà mais riso,nem diversão e muito menos conforto como coisa de gente que exige e tem vontade e fica com a vida suspensa enquanto espera.Parece que não vive,pois são tantas as talvez expectativas,que o momento presente se torna a tortura aparente,que talvez nem exista,seja apenas o que criou em sua mente de gente.

20/05/2010

Des Maio

Como tudo parece seguro,paranóico e oco,estou no calar da noite fria como quem se esconde para fugir de si,com medo dos medos presentes mal embalados me embrulhando o estômago amargo...sem banho arrebato o ranho do rosto inchado com ar medonho de quem nem sequer tem sonho,vive o que é possível num manso riso tristonho de pedra,peixe e mal tamanho,assombrada com a cor do sol poente certa de que está doente de saudade do filho ausente...mãe distante,diletante sem sequer enxergar o brilho da lua que grita em sua direção como um calmante e caminha com vontade de se jogar no mar, na rua e no ar,sem ninguém notar,achando que nada com pressa vai chegar a não ser que o mar vire um lago no seu peito e a lua torne a reluzir e de maneira funda sua alma enxergar e com ela aquela alegria de cordel que custa acreditar,num passo firme de novo a embriagar...cansaço de si mesmo,estupidez de achar que existe um ser feliz...tudo é sempre a mesma coisa,não creia que algo muda,queira o fim ou espere por mim...

07/05/2010

O nada ou quase

Devo me embriagar de quase tudo ou quase nada,do que for preciso mesmo que viver seja necessário ou quase.Sede de um sentir sagrado,imenso, transido de alegria ou nada.De escrever em tua pele e enfeitar teu jantar de tudo ou quase nada.Baratas do meu quarto,milhões em meu sonho que só conto com a janela aberta se quiser ouvir ou é assim ou nada.Aqui abro minhas mãos e afundo no espelho de alice,sorrindo com o gato ou comendo biscoito mágico ou é isto ou aquilo,mas é sempre uma coisa a corroer por dentro o que não se vê por fora,é sempre um olhar de estanho e um socorro enfadonho,confuso,sem fuso ou quase tudo.Desmaio,desmantelo das horas passantes a reduzir a inspiração errante,incomensuravelmente vil e diletante.Palavras que mimam que choram,escorregam,machucam como quem dormiu e não viu e passou e de mãos dadas passeia por este momento sem nexo,dilexico.Nudez sem sexo,momento que reflete o rosto a olhar vivo e perplexo como quem seguiu o coelho e não caiu na maravilha do oco do buraco sem elo,com biscoito,xarope e caramelo.Devo querer morrer e querer me ver despida de ego e ostracismo com um rombo no peito numa solidão infame,impotência de não saber viver,condenada sem ver,disfarçada de mansidão,ódio de minhas fraquezas...pedir socorro e...tem,quem tira de mim esse desespero,essa dor infinita e cruel,abandono de deus mais o arcanjo miguel,...sem acerto acerca do que prezo,porrada e fel.Você ao léu,desfiando o el do meu céu,massacrando...me embriagarei de vinho,acordada na rua, no fio da navalha,na noite desvairada,sem chão,sem paz,sem amor,com pena...meu deus o que é feito de mim nessa forma?

05/05/2010

Conto

Conto contigo/você nem se dá conta/você insulta/alma inquieta que nas minhas contas vive áspera/farpa incrédula/saudade do que nem sei,nem vi/condenada a desolação,quando mais parece frustração/jogo de culpa e perda/as minhas costas não suportam,minha espinha está torta/profundo ego cruel e idiota/a serenidade fugiu me deixando alijada e torta,caída,quase morta/coração sem corda ,trancado,incapaz de amar,como se congelado,condenado sem nada pra contar/lamentos tristes abandono,correria,melhor nem pensar/irritação sem razão,sabe-se lá se perdeu a ação em um não/talvez seja bem vinda a solidão como espécie de maldição/aqui escorre meu derrame pelo chão....

22/04/2010

aniversariu rio

Minha casa agora só existe em mim.Voltou a ter a toalha de rosto trocada todo dia,a de banho toda semana, o tapete do banheiro feito de retalho,presente querido de ausência mais querida.Sem chão,sem desejo,talvez ego...já não se acha mais os pertences,filho distante,parede branca,nuvem escura e a cura...a banheira antiga a ser instalada,será?um solar...jardim de inverno...nem lembro...aniversário,um silêncio passado hoje,guardado no presente.Lembro das sensações de festas infantis,com kisuco e bolachas,mãos dadas.Não vejo nada,contas se alargam e nem sequer ou tudo quer se,talvez ter,ser um que de desabafio.Caminhando por meus fios de aparência e silêncio e grito,rosno,mordo,choro.Estranho!estranharei meu vazio de candeeiro queimando a ilusão do algodão com cheiro de querosene.As ruas andam por mim,meus olhos ardem por onde dói a coluna e o cansaço me cobra ânima.Sentada no silêncio,ponho os pés no queixo e assim me deixo até que caia na sua,nua e te vejo em pleno meio eixo do meu beijo.Queria que em minha adaga você penetrasse e que a vida não tivesse desenlace,assim em tua mão eu enxergasse o quão é nosso o compasso,a régua e o cubismo de picasso.

04/04/2010

POEKAOS PSICOPROSORDEL

Invade em mim, antes que tarde seja, a ânsia de clarice lispector, até que venha o
deus..E sinto o guimarães de sol de minha terra sertaneja diadorinhando meu desejo a galope no cavalo ao vento de alceu percorrendo a caatinga no medieval sítio de meu avô.Ora puxando água na cacimba ora desejando mar e camarões.No espelho do céu de pessoa atravesso portugal na fortaleza de meu ceará com minha avó a me interrogar,quando voltará?vendi livros,discos,dormi em colchonetes,fui à canoa de caminhote mutantemente acampando na areia comendo arraia no pastel.Fiz renda de bilro na casa do pescador.Dançando o maracatu atômico no negrume da noite mautniana,caetaniei na dor de sá a solidão da distância dos meus, num quarto cheio da paixão de gh.Noite de tantas baratas que nem dá prá contar...fugi daquele lugar...colei poetas na parede do pensionato,comecei a engordar a me incomodar...e o vinil a ledzeppear.Mais nada é preciso falar,nem viver,só navegar...

03/04/2010

Madrugada

Março passou,o verão fechou e nada terminou... a labuta só começa e a sede de acabar,o visual inadequado a vontade de chutar,mas que balde?de não sair de casa de explicar nada, de temer menos ainda,de criar,crer e até viajar...tudo sem nexo,perplexo e quase sexo.Não se sabe onde ir,gosto de chocolate,dia púrpura escarlate,desaforo enlatado e tudo atrapalhado...ficou doente,médica displicente,remédio incandescente e medo do sonho,da queda de três,quem ele é?na cidade os transeuntes se deparam com a arte contemporânea e o cotidiano nas curvas do cimento de niemeyer,arte moderna,yoko e o youtube.Nem ela vai ao curso de línguas nem dos rios de abril,mas,ainda gosta de apreciar instalações,desafios e nunca mediocridades...no bastidor da madrugada a cortina de insônia,os passos aveludados,o chôro...amanhece.
Pensa em participar de um grupo,em lima no peru,nem sabe mais se o ritmo segue a rima ou o corpo vai no compasso.
A argila de sua natureza que chora e molha e molda e rir,suas ferramentas adormecidas esquecidas e abandonadas,sua arte a mil graus incandescente e craquelada animando seu mundo ...vinhos e especiarias numa noite quase de manhãzinha.

10/02/2010

Tardes ll caplV

Sua mãe veio morar um tempo com ela,ela estava com medo.Queria sentir tudo de todas as maneiras,tudo era permitido,mas havia o perigo.o perigo em si mesmo,inserido em sua vida secreta em segredo e nada se permitia, a não ser estudar.houve sofrimento e esforços,dificuldades e sorte e por fim abandonara –.Ou acho que tomou uma vitamina ficando disposta depois até pra continuar;deve ser fraqueza!
Lá na aldeia de barro com tudo vermelho encarnado subia nas falanges que vez em quando dava no mar ou no sertão,levada por seu pai e encontrada pelas mulheres levaram-na para uma das cabanas e com ela dentro de um círculo com crianças que apareceram de detrás das colunas de barro ensinavam-lhe uma oração ou seria um mantra,repetidamente que lhe salvaria do perigo quando chegassem os homens da aldeia e que fatalmente se vingariam do seu pai.Mas ela não conseguia aprender a estrofe do meio,linda e sonora. e nem se quer ousava perguntar o que estava pagando,neste momento os homens chegaram .Quando acordou ainda lembrava das duas estrofes ,por que não as anotou, não sabe,lembrou também da dificuldade de decorar aquela estrofe e tudo entardece de um vermelho bunina.
Quando menina ouvia de sua amiga e vizinha,histórias e lendas,nas brincadeiras de cabana com máquinas de escrever feita de papel só para ouvir o barulhinho e também treinar desenho e escrita com a mão esquerda.

Tardes II Cap III

A Sra.Is. era esse seu nome,não pode ir ao museu com sua amiga S,pois seu corpo não permitia,doía muito,a ponto dela deitar no chão frio e duro para se alongar,meu deus ,preciso urgente de um condicionamento físico adequado,pensou!nesse momento lembrou-se de quando corria na chuva e brincava com sapinhos minúsculos nas bicas das calçadas da rua onde morava...agora fugira tudo de sua mente e um enjôo terrível invadira seu estômago,sua cabeça,seus olhos...acho que preciso usar óculos...e tudo parece-lhe urgente.Uma teia emaranhada de sentimentos e sensações ora agradáveis ora confusos tem sido presente na sua rotina mental!Uma sensação de falta, ás vezes de emergência, outras de choro interminável, vontade de desistir.mas,também de epifania,momento em que tudo preenche,satisfaz,em que tudo está certo,pleno.Em que o rio corre e seu amado compreende.sua fragilidade arranha e seu leite derrama;ora de amamentar!Lembrou-se!o bebezinho lhe proporciona momentos de paz e pura beleza!Essa noite seu sol gelou no embate com seu amor, o silêncio pesou e a vida a dois lhe pareceu impossível e cruel. Pesadelo. Por onde passará seu pensamento?a mansidão do seu sol voltou a dourar e a necessidade de arrumar a casa,pôr tudo em seu devido lugar acabou deixando-a nua diante de seu altar.Nunca foi de muitos amigos,apesar de considerar a amizade um valor sagrado.Sente falta de melhores amigas,de risos de cumplicidade.lado a lado paira o bebê e o homem num contínuo elo de permanência.

Tardes II cap.III A

A moça chegara recente de sua tribo e em meio a balbúrdia da capital sabia exatamente por onde começar sua contínua vida.E foi para o bosque das letras.Começou a freqüentar o andar de cima com o grupo coiote.Leituras,taças de vinho,aclamações de personas , livros emprestados e muito bla bla bla até que chegou o maldito,o literário,demasiadamente intenso,rígido e frágil,perdido...vivenciando situações inusitadas,ás vezes embaraçosas enquanto se aproximava a solitude do passeio dominical na beira da praia e se aquecia ao sol dourado constantemente avermelhado.Na segunda o deslumbre,na terça o espanto,na quinta a entrega,na sexta a dança,o sábado então, a exaustão ,a peleja.A moça desfalecera em meio a um passeio estranho e verde,confiando demais e sempre duvidando sem nada saber em sua vida por um fio.vida em suspense,arredia,ora calada ora desembestada ora deslumbrada,ela sentia raiva, se contorcia,mas não queria voltar,precisava ir e foi em silêncio navegando só e triste, parecia que a tristeza grudara nela.Lendo e andando pelas calçadas ,procurando um lugar prá morar encontrou um quarto,cheio de baratas á noite e um amigo,um grande amigo.