09/06/2012

Desenlouqueço

Afoguei-me dentro e fora de mim. Descompasso de tudo. Engolido o cansaço, ameaço, sonho e desisto também de mim... me olho, não vejo nada... espero o tempo, o vento...fracasso em meus planos quais? Não há, nenhum, nem sequer de perto... viver apenas um cumprir horário, trânsito, poluição, aborrecimentos, enfrentamentos...coragem...um sem sentido de coisas não sentidas, mal cedidas, embaçadas...roupas no varal a vida num cabedal um fluir sem vontade, caminhar sem estrada ao encontro do acaso que me leve de novo ao nada. Aqui novamente eu tentando encontrar a passagem secreta de mim mesma para espreitar o que há entorno desta pessoa que se diz eu...que ergue, destrói, desconstrói palavras, imagens e pula no escuro secreto de cores e dores assim para outrem, tornando-se um ente enfadonho, para si um com semente no cúmulo da sua não- mente. sobe nas teias com meias e artimanhas feitas de  vontades dementes, de material de sonho feito... , do que são feitos os sonhos? Caixa de caber impressões incertas no real das horas giradas, ora ensolaradas ora enxovalhadas  e enchuvaradas num per si de não sei que de tanto sentir o anoitecer que de tanto cansaço parece que vou desenlouquecer.
    Tenho ingerido vitaminas como quem num susto engole  o cansaço e pra não perder de vista  o encanto, canto, enquanto a fome me faz sentir o cheiro de um bolo faltando um pedaço. Ando pelas ruas da cidade quando possível como que fosse um refugiado e como doce com as mãos sujas de laços dados com os minutos montada no salto do meu sapato. Penso em comprar o vento, um pouco de vaidade, quem sabe um quilo de alfazema e nada de ansiedade, no impeto de chegar logo me dou  com  o medo do atraso e do mau tempo bem olhado e mal passado, assim deixo o compromisso escorrer bem do meu lado e traço um verdadeiro atestado.

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