06/12/2009

Tardes II capitulo I

recortando cordéis entrelaçados
em uma tarde de quarta-feira, aquela mulher com tendência de isolamento, fechou-se em si. Com tantos afazeres domésticos e uma vontade de fugir para o mediterrâneo não ousava sequer balbuciar um pedido de socorro.Pra quem?não se sabe. Mas ela sentia-se sem forças,ás vezes vazia com medo de ficar deprimida ou arrogante.O que é feito dela?experimentando formas de vida, com incômodos e enjôos, beirando muitas vezes o esquisito. Lembrou se de sua avó dizendo;ô menina esquisita!quando á noite ela juntava os copos espalhados pela casa com a desculpa de que eles se sentiam sós quando separados... nesta quarta ela sentou-se na sacada da varanda com o bebê no colo e reparou na paisagem da cidade,reparou também em si,atordoada achando que não iria conseguir permanecer nem caber em si...teve que levantar-se para fazer um café,pois o homem chegara e com ele uma alegria de estar ali e não mais meditar,nem explodir.Ele contera a enxurrada de pensamentos desenfreados que se armara nela e a mesma mais uma vez olha e vê sua impaciência estancando o grito de dor,dormência.Estaria ela sendo exigente demais,urgente e áspera que nem a suavidade de um passeio de fim de tarde a aquietaria.Agora não dá mais prá ser exata,é que seu ímpeto de sair correndo sabe-se lá prá onde a paralisava e com todo aquele imaginário que no exato momento também lhe abandonara,ela se entregava a linha contínua e vasta do que nunca soubera.Se seu marido a traíra ou foi puro delírio,um motivo pra alterar a rotina.Onde foi se esconder aquela criatura tão leve e amável que conhecia?o cansaço a envelhecia e o espelho já não dizia de seus sonhos os planos, que planos?embutidos num espaço fundo e sem rumo, ela nunca fez planos, nem traçou objetivos, deixou a vida correr feito um cavalo ora desembestado, ora parecendo empacado. E agora esse cheiro de esperança pela mão do outro.Os amores vividos sem amar,a vontade de dominar sua vida e recomeçar mas,parece que não tem mais força ou é pura preguiça de continuar logo agora com tantas vidas rondando seus dias.Ela foi fazer um café como se não houvesse mais passado nem futuro,agarrando-se ao presente para não pirar.Sua amiga viera lhe visitar sentaram-se e começaram a recordar o tempo da faculdade, tempo de certezas,livros raros,saraus,amigos...só que ela nunca se entregou a nada,parece que morre de medo de errar,de querer, de estar...o seu amado a interrompe,diz que as crianças estão chegando.hoje ela desmorona.Chorara muito, de ensopar o travesseiro .Mas não sabe se isto lapidou seu espírito ou fez criar um lago em seu peito.Lia muito,mas talvez prá fugir de tudo.queria ter um baú,quem sabe estudar na sorbone.Mas rir de si.Beija ele,assim está bom,aceitando o momento de ficar quieta,não espernear.Sua amiga a convida para ir a um museu,por sinal interessante,ela se anima pois está aprendendo a lidar com o mundo virtual, com ferramentas que lá vai ter que usar.A mulher sai pra fazer compras. Incrível,quando ela iria imaginar que sentiria alegria em ir ao supermercado, deve ser por está sem sair prá trabalhar ou a sociedade de consumo a fisgou. As crianças chegaram e com elas o movimento próprio de casa com filhos. Ainda bem, senão o vazio seria maior, a inquietação pesada ceifaria a criatividade que por sinal não tem dado sinal...tem horas que aparece um toque de sino em sua cabeça, tentando acordá-la ou jogá-la fora de seu mundo,que mundo?ah!Drummond, help-me!...sua amiga diz que tem insônia que seus pensamentos a assombram que ao mínimo ruído ela se perturba e ao amanhecer, tomba como uma rocha gigante e rasga o resto do dia com unhas afiadas... seu filho a chama (da amiga), um adolescente em segredo, vivo muito vivo, sorridente... O bebê chora e ela corre sem demora.

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