09/06/2012

Chuva

Chove sem parar, choro no fio da meada, geada, quase nevada, girassóis na chuva não giram, choram...feriado nacional, sexo e tal, sopas com pimental e sal... filhos com lazy down... ôchi! arroz integral, trigo em grão, granola, meia, pijama, crocs e manteiga no pão! música no chão, amor no fogão... a cabeça girando no sol de chuva com choro de sono... a ortografia insana sem os acentos que clamam! assim como posso eu com a minha língua portuguesa versar o incerto e o deserto, o ermo e o que pletora dentro e fora sem titubear... estudar,  fazer nada, balear  o tempo, o riso, o rio, a brisa  e a chuva que não cessa que não tem pressa que me acessa o  botão da siesta... tanto tempo sem escrever o que de mim amanhece e tece  a bela messe... os passarinhos que me amanheciam tiraram folga nesse dia de água e utopia sem aviso nem poesia, com Demônios da Garoa, Arnaldo Antunes e cia, Vanessinha da Mata quase me mata com um tiro no meu alvo moreno, quase desbotado, ausente de raios ultraviolentos de sol daqui debaixo do equador, arri égua que dor! no meu ai! ab do meu homem! quanta asneira num tempo sem eira nem beira ,sem patativa nem Simone Beauvoirzinha, sem minha avozinha, com seu giral de panelas de barro, sem meu sertão dourado entrando pela janela...  com minha filha adolescente a conter seus segredos e  contar as linhas dos  meus dedos as letras a pularem nas pontas afiadas dos mesmos cabelos.  Dedos congelados de sorvete, ervilha e lentilha no ralo da pia, parede, louça gritando feito obra de Munch e ninguém a arriscar calar o desespero das xícaras, panelas, copos, mulheres e talheres! Escurece em meu chover de tanto viver. Nos verdes  campos de josé são, manhãs, madrugadas, outonos e primaveras a entardecer feito tempestade fechando o verão,sem promessa , nem caminho, nada sozinho,nem um raio de solzinho.Num ato de solidão escrever alivia umas das cordas do meu coração.

Um comentário:

  1. Aninha, obrigada pelo convite para conhecer seu blog, muito bom ler você. Obrigada por suas palavras tão gentis. Voltarei sempre. Paz e bem!
    Sônia Gabriel

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